Bugio Moqueado foi criado por Monteiro Lobato, escrito durante sua fase não-infantil e está presente em seu livro de contos Negrinha, publicado em 1920. Muitos contos desse livro são experimentos com as linguagens dramática ou cinematográfica que conferem a seu texto maior velocidade e promovem deslocamentos temporais e narrativos curiosos.
No relato de O Bugio moqueado, o narrador nos fala de sua experiência assustadora depois de ter visitado um bruto fazendeiro no Mato Grosso. Ele jantou com o homem e viu que uma estranha carne fora servida à esposa do fazendeiro. Ela comeu a contra-gosto o esquisito prato. Mais tarde, conversando com um amigo negro, descobrira que esse tal fazendeiro teria assassinado e moqueado (preparado a carne) um negro de sua fazenda por suspeitar que ele tivesse tido um caso com a sua esposa.
Neste conto, a novidade está na adequação entre assunto e estrutura da narrativa, uma vez que o inusitado dos fatos contamina a construção do texto. Apoiado na estrutura dos "causos" narrados pelos interioranos, o conto relata essa estranha história ouvida pelo narrador, um menino, que assistia uma partida de futebol pelo sertão de Minas Gerais. Ao construir uma narrativa sobreposta a outra, ancorada em crenças e histórias populares, com uma linguagem bastante próxima a essa realidade insólita.